quinta-feira, 26 de maio de 2011

A CONDUTA EXIGIDA DE UM ÁRBITRO DE PÓLO AQUÁTICO

Participei de todos os cursos de árbitros promovidos pela FINA, desde seu início em 2002 (Fort Laudardale – Flórida – EUA) e sempre foi passado para nós quão importante é a nossa conduta para a imagem do esporte e para sermos bem sucedidos em nossa arbitragem. Achei conveniente tocar nesse assunto para relembrar que somos a “autoridade máxima” no campo de jogo e nada ou ninguém deve, sob nenhuma circunstância, interferir no bom andamento das partidas, sob o risco de termos nosso trabalho questionado por todos os interessados no resultado do jogo, qualquer que seja ele.
Gianni Lonzi, presidente do TWPC (Comitê Técnico de Pólo Aquático, na sigla em inglês) da FINA diz em suas palestras que o primeiro mandamento de um árbitro deve ser “evitar confusão” durante os jogos, seja em relação ao seu comportamento, seja em relação à aplicação correta dos conceitos e das regras que regem o esporte. Contudo, nem sempre isso é aplicado e, então, podemos dar margem a atitudes absolutamente inaceitáveis por parte de torcedores, técnicos, jogadores e dirigentes, colocando sob suspeita nossa isenção em relação às partidas que serão conduzidas por nós.
Alguns lembretes se fazem necessários para que essa isenção seja exercida em toda a sua extensão e jamais colocada em dúvida por aqueles que têm interesse direto no resultado das partidas. Entre eles, eu cito:

1 – Chegar cedo ao local da partida e, mesmo sem ainda estar uniformizado para o jogo, verificar as marcações de borda (2 e 5 metros e meio campo), saber se os relógios de tempo de jogo e de posse de bola estão funcionando corretamente e cobrar dos oficiais de arbitragem que atuam na mesa se a súmula da partida já está pronta ou, em caso negativo, se as equipes já forneceram as respectivas relações com os nomes e números dos atletas e os nomes dos 3 oficiais com autorização para permanecerem no banco de reservas;
2 – Estar uniformizado pelo menos 30 minutos antes do início de sua partida, próximo à mesa de controle, para que as equipes saibam que você já está pronto para iniciar seu trabalho e que isso se dará na hora estipulada pela organização da competição;
3 – Não manter conversas paralelas, de nenhum tipo, com torcedores, técnicos, jogadores e dirigentes antes, durante e, principalmente, depois das partidas, sob o risco de ter sua atuação comprometida por insinuações infundadas dependendo do resultado do jogo;
4 – Tratar a todos de forma educada, mas nunca com intimidade, mesmo se aquela pessoa for muito sua amiga. Ali, no campo de jogo, você é o ÁRBITRO da partida, não amigo de ninguém, e essa imagem de isenção e distanciamento contribui, de forma direta, para o sucesso de sua atuação, não importa se você cometa erros ou não, afinal é humanamente impossível acertar as marcações em 100% das jogadas e nossa tarefa é se aproximar o máximo possível dessa condição para não colocarmos dúvidas em relação à nossa isenção e à nossa capacidade como árbitros.

Essa postura é vista de forma regular e contínua em jogos internacionais, e o árbitro que não tem esse tipo de comportamento acaba dificultando seu aproveitamento naquele campeonato, não sendo escalado para jogos que normalmente poderia estar apitando, já que sua conduta não passa confiança aos responsáveis pela escalação dos árbitros.
Portanto, quando estivermos na beira da piscina, não podemos nos esquecer que somos a AUTORIDADE MÁXIMA da partida e que nosso papel ali é o de conduzir a partida no melhor de nossas habilidades, aplicando a regra em toda a sua extensão e saindo da partida como se nem estivéssemos estado ali, tamanha foi nossa discrição e nossa conduta ao longo da partida.
Acredito que a observância desses itens podem servir para manter o alto nível da nossa arbitragem e evitar possíveis cobranças de quem quer que seja, já que elas serão absolutamente infundadas.

Prof. José Werner 
Árbitro FINA / CBDA        
           

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