quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ARBITRAGEM DE PÓLO AQUÁTICO – TEMPORADA 2012

                O Árbitro de Pólo Aquático: Missão x Omissão
                                                      (José Werner – Árbitro CBDA / FINA)
I – INTRODUÇÃO:
Paixão, e nada mais, foi o impulso que nos levou a seguir no esporte que um dia praticamos, só que agora de uma forma diferente. Como árbitros, estamos em uma posição altamente responsável e esse pensamento deve estar conosco cada vez que estivermos na borda da piscina prontos para dirigir uma partida. A maneira como devemos fazer isso é o tema desse artigo, e espero transmitir alguns conceitos que aprendi ao longo desses 28 anos atuando como árbitro, sendo 13 como árbitro nacional e os últimos 15 anos também como árbitro FINA.
II – O PAPEL DO ÁRBITRO DE PÓLO AQUÁTICO:
Precisamos saber, antes de iniciar, a diferença que existe entre JUIZ e ÁRBITRO. Aquele julga, baseado em fatos, evidências e provas, enquanto o árbitro é aquele que faz a mediação entre duas partes envolvidas em alguma ação, o que em nosso caso é o jogo em si. Por isso, todo cuidado será pouco, porque uma ação mal sucedida de nossa parte pode estragar o planejamento de todo um trabalho, que envolveu esforço e dedicação de muitas pessoas, e que deve ser tratado com respeito e atenção.
Existem algumas semelhanças entre eles. Ambos são INVESTIDOS nessa função após passarem por avaliações, o que, em nosso caso está a cargo de nosso Coordenador de Arbitragem, Sr. Roberto Cabral. Como os juízes, temos que ser IMPARCIAIS e COMPETENTES em nosso trabalho. Acredito que algumas atitudes que ainda persistem entre nós em dias de jogo não sejam compatíveis com esse perfil de isenção, seriedade e profissionalismo que devemos transmitir aos técnicos, jogadores, dirigentes e ao público de uma maneira geral, mas a orientação constante e precisa que recebemos continuamente de nosso Coordenador está aos poucos afastando essas  posturas inadequadas de nossas piscinas.
III – AÇÃO X OMISSÃO:
O Pólo Aquático é um dos esportes coletivos mais disciplinados que existem, graças às regras que o dirigem e que punem de forma exemplar o atleta e / ou a equipe que cometer excessos que venham a prejudicar o bom andamento da partida, e é essa a nossa grande missão: APLICAR a regra, em toda a sua extensão, favorecendo a técnica, protegendo os atletas que estão disputando a partida de forma leal e punindo aqueles que agem fora das regras. Essa AÇÃO deve ser imediata e constante, não apenas no início, mas durante toda a partida, transmitindo segurança e confiança aos atletas e, acima de tudo, ao nosso companheiro de arbitragem, aquele com quem estamos dividindo a responsabilidade de conduzir a partida de forma a que ela chegue ao seu final da melhor maneira possível.
Quando isso não ocorre, por OMISSÃO de um de nós, perdemos a chance de mostrarmos nosso melhor como árbitros, somos questionados como pessoas e perdemos a confiança daqueles que dependem de nossa atitude para exercerem seu trabalho. Nesse ponto, perdemos a condição de seguir com  nossa missão e corremos o risco de sermos tratados com descrédito e desrespeito não só por aqueles que estão conosco na equipe de arbitragem, mas sobretudo por todas as outras pessoas envolvidas com o esporte. 
 IV – POSTURA:
Nosso esporte privilegia a IMAGEM, e não devemos, como árbitros, fugir dessa constatação. Não vemos, via de regra, atletas fora de forma física, e estarmos em boa forma também nos auxilia na condução da partida porque temos a disposição para acompanhar de perto todas as ações e decidirmos qual resposta daremos a elas para o jogo seguir de forma tranqüila. A parte mental também é muito importante, porque não existe jogo fácil e todo jogo é importante para quem está disputando, portanto temos a OBRIGAÇÃO de atuarmos da mesma maneira, independente da qualidade ou da importância da partida. Pontualidade e elegância são outros requisitos que devemos observar, afinal ninguém vai à festa vestido de qualquer maneira. 
IV – CONCLUSÃO:
Perguntaram a um escultor de cavalos em blocos de pedra, sem instrução alguma, mas com uma habilidade fora do comum, como ele conseguia fazer cavalos tão perfeitos, sem ter feito nenhum curso para aquilo. Ele olhou para a pessoa e respondeu: “eu olho para o bloco de pedra e tiro o que não é cavalo”.
Quando estivermos dirigindo uma partida, devemos olhar para a piscina e apitar tudo aquilo que não for pólo aquático.
Uma feliz temporada para todos nós!                                    

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